sábado, 5 de dezembro de 2009

O MAU HÁLITO DA DEMOCRACIA

Como era previsível, o cinismo, a cobardia e a falha mental que reside nas cabeças dos que se julgam impunes e que encaram a Democracia como ma vénia à ditadura grotesca que denunciam as características das suas decisões, não se fizeram esperar, ao cortarem sem contemplações o acesso à Internet na Biblioteca de Oeiras.
Eis a realidade que não pode ser escamoteada. Os poderes lidam muito mal com as críticas e, usualmente são acolitados por outro género de cobardias, em que se apoiam, para se imporem pela força, em vez de demonstrarem elegância e sabedoria no modo como lidam com o cidadão comum. Vivem rodeados de mesuras como lhes convém e exasperam-se ao mais simples remoque. Que confiança nos podem oferecer estes simulacros de democratas que, provavelmente, se equivocaram na época em que vivem. Fingem que adoram os seus rebanhos, mas, se4 por acaso, um de entre eles, se mostrar inteligente, corajoso, certeiro na exposição das suas ideias, isto é, se na verdade demonstrar maior capacidade para ser o que o seu pastor não é, este fila-o, e elimina-o como se fosse uma ovelha negra. Este é o modo de agir dos padeiros políticos que, em vez de nos oferecerem pães democráticos, nos atiram para o esgoto da vida. Não tenho ilusões quanto aos objectivos e os fins em vista destas atitudes prepotentes. Porém, elas revelam outros sinais que assinalam a fraqueza das suas inteligências, os vómitos dos seus discursos papagueados para que os cidadãos os engulam, sem que se rebelem contra as falsidades que, constantemente, nos revelam a qualidade da Democracia que, tão enlevadamente, nos querem fazer crer que habitamos. Esta Democracia necessita urgentemente de uma reabilitação de integridade em substituição de uma mentalidade arcaica que se encontra bem frutificada, sendo necessário, entretanto, que irrompa uma lufada de ar fresco, por parte de cidadãos, livres e esfomeados, da liberdade que se conecte com uma verdadeira Democracia.
Os olhos que tudo vêm, não temem que nada lhes aconteça porque se sentem protegidos por quem devia albergar a Democracia nos seus alforges, e, em vez disso, espirram a lama em que vegetam com o maior dos deleites.
Vale a pena observar os dentes dos que se riem quando se agitam em propagandas ameaçadoras; estão afiados e esfomeados pelos circuitos abjectos dos seus domínios ilusórios. Quando se abrigam sob o arco do poder, sentem-se Sansões nos seus cantinhos de podridão, lambendo tudo o que lhes apetece, apenas com o intuito de se conservarem como conservas prontas a abrir e a consumir. Fala-se de energias limpas e de alterações climáticas, mas não se limpa a energia da Democracia e e recusam-se a alterar o clima catastrófico em que se finge pretender edificar esta farsa democrática. Os pigmeus da democracia não dormem, são os descendentes directos do canibalismo político.
Sejamos práticos na concepção incubadora desta democracia que se nos denuncia como anti-democrática, quando o incubado faz ouvir o seu grito do Ipiranga. Ai! o medo que se desfralda às fraldas funestas de uma queda inevitável no precipício da eternidade. Com ou sem pecados, todos lá irão parar, quer queiram ou não. E se não tivesse a idade que tenho, bem que me saberia dançar sobre as urnas de tão façanhudos cadáveres.

Biblioteca de Oeiras, 05/12/2009 - Jorge Brasil Mesquita

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